O que é a cabeça?
A cabeça é a parte superior do corpo que se encontra fixada ao tronco por meio do pescoço, trata-se do centro de controle e comunicação do corpo, sendo formada pelo encéfalo, responsável pela consciência, ideias, criatividade, imaginação, respostas, decisões e memória. Nela encontra-se, também, os revestimentos protetores, como a face e as orelhas, além de conter os receptores sensoriais como os olhos, as orelhas, a boca e o nariz, estruturas essenciais para a comunicação, a expressão e portas de entrada para nutrientes, água e oxigênio, bem como para a saída de dióxido de carbono.
O crânio é a maior estrutura contida na cabeça e guarda o encéfalo, de modo que é formado pelo neurocrânio e pelo viscerocrânio. O neurocrânio compreende o encéfalo, as meninges, vasculatura do encéfalo e partes proximais dos nervos cranianos, sendo formado por 8 ossos: frontal, etmoide, esfenoide, occipital e dois pares bilaterais dos ossos temporal e parietal, além de possuir um teto denominado calvária, formada pelos ossos frontal, temporal e parietal que estão unidos por meio de suturas, e um assoalho denominado de base, formada pelos ossos esfenóide e temporal, que contém o forame magno permitindo a conexão da medula espinal com o encéfalo. Já o viscerocrânio compreende os ossos da face, sendo formado por 15 ossos irregulares: mandíbula, etmóide (também faz parte do neurocrânio), vômer e seis pares bilaterais dos ossos da maxila, conchas nasais, zigomáticos, nasais, palatinos e lacrimais.
A seguir algumas vistas do crânio:
Crânio em visão anterior:
O crânio, em sua vista frontal, é formado pelos ossos frontal, zigomático, órbitas, região nasal, maxila e mandíbula.
Crânio em visão lateral:
A vista lateral do crânio é formada pelo neurocrânio e viscerocrânio. Os principais constituintes do neurocrânio são a fossa temporal, o poro acústico externo do meato acústico externo e o processo mastóide do temporal. Enquanto isso, o viscerocrânio é formado pela fossa infratemporal, o arco zigomático e as faces laterais da maxila e mandíbula.
Vista occipital do crânio:
A vista occipital ou posterior do crânio é formada pelo occipúcio, partes dos parietais e partes mastóideas dos temporais.
Vista superior (vertical) do crânio:
A vista superior (vertical) do crânio, em geral um pouco oval, alarga-se em sentido posterolateral nas eminências parietais.
Vista superior da base do crânio:
A face superior da base do crânio tem três grandes depressões situadas em diferentes níveis: as fossas anterior, média e posterior do crânio, que formam o assoalho côncavo da cavidade do crânio.
Vista inferior da base do crânio:
A vista inferior da base do crânio é formada pelo arco alveolar da maxila, pelos processos palatinos das maxilas, processo palatino, esfenóide, vômer, temporal e occipital. A parte posterior da base do crânio é formada pelo occipital, o qual se articula na parte anterior ao esfenóide. O occipital está disposto ao redor do forame magno. O forame magno é uma estrutura muito importante da base do crânio, por ele atravessa a medula espinal, as meninges encefálicas e da medula espinal, artérias vertebrais e espinais e a raiz espinal do n. acessório (XI nervo craniano). Nas partes laterais ainda do occipital estão os côndilos occipitais, estruturas que se articulam com a coluna vertebral. Também é importante ressaltar algumas estruturas importantes existentes no occipital, o forame jugular, pelo qual estruturas como a veia jugular interna e nervos cranianos (do par IX ao par XI) emergem; o canal carótico, pelo qual a artéria carótida interna passa e, por fim, o forame estilomastóideo, pelo qual o n. facial (VII par).
FORAMES E ABERTURAS DO CRÂNIO
Pelos forames e outras aberturas existentes no crânio passam estruturas muito importantes do corpo humano. Através do forame cego, passa a veia emissária nasal em cerca de 1% da população. Pelos forames existentes na lâmina cribriforme, passam axônios de células olfatórias, os quais formam os nervos olfatórios. Nos forames etmoidais, passam vasos e nervos etmoidais, sendo esses últimos ramos do n. oftálmico (que é uma das divisões do n. trigêmeo, lembra?). Pelos canais ópticos passam as aa. oftálmicos e os nn. ópticos (II par dos nn. cranianos). Através da fissura orbital superior passam vv. oftálmicas, o n. oftálmico e os pares III, IV e VI dos nn. cranianos. Pelo forame redondo passa o n. maxilar (outro ramo do n. trigêmeo, lembrou?). Pelo forame oval passa o terceiro e último ramo do trigêmeo, o n. mandibular, e também passa a a. meníngea acessória. Pelo forame espinhoso artérias e veias meníngeas médias e ramo meníngeo do n. mandibular. Pelo forame lacerado passa o n. petroso profundo. Através do hiato do n. petroso maior passa o n. petroso maior e ramo petroso da a. meníngea média. No forame magno passam estruturas como bulbo e meninges, aa. vertebrais e espinais, vv. durais e o XI n. craniano, ao passo em que pelo forame jugular passa, além da v. jugular interna, os nervos cranianos IX, X e XI, seios petroso inferior e sigmóideo e os ramos meníngeos das aa. faríngea ascendente e occipital. Através do canal do n. hipoglosso passa o n. hipoglosso que é o par XII dos nn. cranianos e pelo canal condilar passa a v. emissária. E, por fim, pelo forame mastóideo passa a v. emissária mastóidea e o ramo meníngeo da a. occipital.
CIRCULAÇÃO SANGUÍNEA DO CRÂNIO
O principal fluxo sanguíneo para cabeça e pescoço é realizado pelas artérias carótidas. Mas antes de comentar a respeito delas é importante relembrar que a aorta se divide em tronco braquiocefálico, artéria carótida comum e artéria subclávia esquerda. O tronco braquiocefálico bifurcar-se originando a artéria subclávia e a carótida comum, do lado direito. E, então, as artérias carótidas internas (10) são as continuações das artérias carótidas comuns, que entram no crânio através dos canais caróticos nas partes petrosas dos ossos temporais e são as principais artérias que irrigam encéfalo e estruturas contidas nas órbitas. Os ramos terminais das artérias carótidas internas, por sua vez, são as artérias cerebrais anterior e média, as quais são unidas pela a. comunicante anterior. Já as artérias carótidas externas, também continuações das artérias carótidas comuns, suprem a maioria das estruturas externas ao crânio, tendo como exceção a órbita, a parte da fronte e a do couro cabeludo, estruturas as quais são supridas pela artéria supraorbital.
A artéria meníngea média (13), um ramo da a. maxilar que originou-se da carótida externa, possui o ramo frontal ou anterior (9) que segue superiormente até o ptério e depois se curva ascendendo em direção ao vértice do crânio, e possui um ramo parietal ou posterior (17), que segue em sentido posterossuperior e ramifica-se sobre a face posterior do crânio. Essa artéria entra no crânio através do forame espinhoso para suprir estruturas como periósteo, osso, medula óssea vermelha, parede lateral da duramáter e calvária do neurocrânio (formada pelos ossos frontal, o occipital e parietais), além do gânglio trigeminal, n. facial e gânglio geniculado, cavidade timpânica e m. tensor do tímpano. Enquanto isso, a a. meníngea acessória entra no crânio através do forame oval e distribui-se para músculos da fossa infratemporal, esfenóide, n. mandibular e gânglio óptico.
Além disso, a artéria vertebral (16), que é um ramo da a. subclávia, é dividida em uma parte cervical que ascende no espaço piramidal (músculo escaleno e mm. longos do pescoço e da cabeça). Quando essa artéria atravessa forames das vértebras C I a C VI, forma a parte vertebral e, por fim, forma uma parte denominada atlântica quando entra em um forma superior ao da vértebra C VI, entrando no crânio através do forame magno. As artérias vertebrais unem-se para formar a artéria basilar (15), a qual possui relação com a base do crânio e ascende até o forame magno e depois, através da cisterna pontecerebelar, chegando a margem superior da ponte e dividindo-se em artérias cerebrais posteriores, formando um importante círculo arterial do cérebro (Polígono de Willis) que será abordado mais detalhadamente em outro momento no nosso site.
PONTOS CRANIOMÉTRICOS
São pontos anatômicos utilizados como referência na craniometria
PAREDES DO CRÂNIO
Partes espessas dos ossos cranianos formam regiões mais fortes ou reforços que conduzem as forças, proporcionando resistência e atuando como mecanismo de manutenção de cavidades e proteção de seus conteúdos.
REGIÕES DA CABEÇA
A cabeça é dividida em regiões para permitir a comunicação exata acerca da localização das estruturas, lesões ou afecções.
COMPONENTES DO CRÂNIO
OLHOS: são os órgãos responsáveis pela visão, sendo formado pelo bulbo do olho e pelo nervo óptico. A órbita contém o bulbo do olho e as estruturas acessórias da visão. A região orbital é a área da face sobre a órbita e o bulbo do olho que inclui as pálpebras superior e inferior, além do aparelho lacrimal.
NARIZ: é a parte do sistema respiratório situada acima do palato duro, contendo o órgão periférico do olfato. Inclui a parte externa do nariz e a cavidade nasal, que é dividida em cavidades direita e esquerda pelo septo nasal.
ORELHAS: compreende os órgãos da audição e do equilíbrio, formadas por partes externa, média e interna, além de conter uma membrana timpânica que separa a orelha externa da orelha média e uma tuba auditiva que conecta a orelha média à parte nasal da faringe.
REGIÃO ORAL: é a parte do sistema respiratório situada acima do palato duro, contendo o órgão periférico do olfato. Inclui a parte externa do nariz e a cavidade nasal, que é dividida em cavidades direita e esquerda pelo septo nasal.
As fraturas de Le Fort são fraturas da maxila e dos ossos associados, podendo ser classificadas em:
- Fratura Le Fort I: uma grande variedade de fraturas horizontais da maxila, que seguem superiormente ao processo alveolar maxilar, cruza o septo nasal ósseo e as lâminas do processo pterigoide do esfenoide;
- Fratura Le Fort II: segue das partes posterolaterais dos seios maxilares em sentido superomedial através dos forames infraorbitais, lacrimais ou etmoides até a ponte do nariz. Assim, toda a parte central da face, inclusive o palato duro e os processos alveolares, é separada do restante do crânio;
- Fratura Le Fort III: fratura horizontal que atravessa as fissuras orbitais superiores, o etmoide e os ossos nasais, e segue em direção lateral através das asas maiores do esfenoide e das suturas frontozigomáticas. A fratura concomitante dos arcos zigomáticos separa a maxila e os zigomáticos do restante do crânio.
Meninges cranianas são membranas de revestimento do encéfalo localizadas internamente ao crânio, apresentando como funções proteger o encéfalo, compor a estrutura de sustentação das artérias, veias e seios venosos e delimitar uma cavidade preenchida por líquido, o espaço subaracnóideo. São formadas por três camadas de tecido conectivo membranáceo:
Dura-máter: camada externa, espessa, fibrosa e resistente;
Aracnoide-máter: camada intermediária e fina;
Pia-máter: camada mais interna, delicada e vascularizada.
Vale ressaltar que as camadas intermediária e interna (aracnoide-máter e pia-máter) são membranas contínuas que, juntas, formam a leptomeninge. Além disso, a aracnoide-máter é separada da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém líquido cerebrospinal (LCS), produzido pelos plexos corióides dos quatro ventrículos do encéfalo, sendo responsável por ajudar a manter o equilíbrio do líquido extracelular no encéfalo, proteger e nutrir as estruturas encefálicas.
Bibliografia:
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
ROHEN, Johannes W.; YOKOCHI, Chihiro; LUTJEN-DRECOLL, Elke. Color Atlas of Anatomy: A Photographic Study of the Human Body. 7 ed. 2011.
NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.