São formações estruturais que possuem funções específicas e surgem ao longo do tempo devido a forças que diferentes estruturas exercem nos ossos. Essas forças modulam a atividade das células do tecido ósseo, de forma que a tração exercida por um tendão faça surgir uma tuberosidade no osso, por exemplo, ou ainda a pressão exercida por um nervo forme um sulco ao longo de sua passagem.
Essas formações também são muito importantes na estrutura de articulações para propiciar sistemas de alavanca, ajustar o encaixe etc. Os acidentes ósseos são referenciais anatômicos úteis, sobretudo, no estudo de anatomia topográfica, auxiliando no entendimento da relação espacial entre os ossos e as estruturas de determinada região e suas respectivas funções.
Segundo Tortora et al. (2016), os acidentes podem ser divididos em dois grandes grupos:
Aberturas e depressões: mais relacionadas ao atravessamento, passagem ou pressão de estruturas moles, como vasos, nervos, músculos etc.; também podem estar relacionadas a articulações, como uma cavidade articular.
Processos, protuberâncias e afins: acidentes referentes a força de tração exercida por estruturas fixadas, como um tendão ou ligamento, ou relacionadas a articulações, como côndilos.
Não há critérios bem definidos relacionados à nomenclatura dos acidentes ósseos. Em alguns casos, a nomeação se deu por um termo já estabelecido e usado com maior frequência. Apesar disso, segue uma lista da definição dos principais acidentes e alguns exemplos:
Forame: abertura através do osso geralmente relacionado a passagem de estruturas.
Ex.: forame magno do crânio.
Fossa: área oca ou deprimida, oca.
Ex.: fossas infraespinal e supraespinal da escápula.
Sulco: depressão alongada.
Ex.: sulco intertubercular do úmero.
Incisura: entalhe localizado na margem de um osso.
Ex.: incisura da escápula.
Meato: abertura em forma de tubo.
Ex.: meato acústico externo do osso temporal.
Fóvea: área lisa levemente deprimida onde um osso articula-se com outro e geralmente é coberta por cartilagem.
Ex.: fóveas costais das vértebras.
Face: superfície lisa geralmente articular.
Ex.: face articular da patela.
Tróclea: processo semelhante a roldana associado a uma articulação.
Ex.: tróclea do úmero.
Côndilo: processo articular em forma de domo geralmente encontrado em par.
Ex.: côndilos lateral e medial do fêmur.
Epicôndilo: proeminência adjacente a um côndilo.
Ex.: epicôndilos lateral e medial do fêmur.
Capítulo: processo articular arredondado pequeno.
Ex.: capítulo do úmero.
Cabeça: processo articular arredondado grande.
Ex.: cabeça do fêmur.
Maléolo: processo arredondado.
Ex.: maléolo lateral da fíbula e maléolo medial da tíbia.
Crista: proeminência linear na margem de um osso.
Ex.: crista ilíaca.
Linha: proeminência linear longa e menor do que a crista.
Ex.: linha áspera do fêmur.
Espinha: projeção alongada fora da margem óssea e maior do que a linha.
Ex.: espinha da escápula.
Processo espinhoso: processo alongado, semelhante a um espinho.
Ex.: processo espinhoso da vértebra.
Protuberância: projeção da superfície óssea.
Ex.: protuberância mentual da mandíbula.
Trocanter: elevação arredondada grande.
Ex.: trocânteres maior e menor do fêmur.
Tubérculo: elevação arredondada pequena.
Ex.: tubérculos maior e menor do úmero.
Tuberosidade ou túber: elevação arredondada de superfície irregular ou rugosa.
Ex.: túber isquiático.
Bibliografia:
DANGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia humana sistêmica e segmentar. 3 ed. São Paulo: Ateneu, 2007.
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
ROHEN, Johannes W.; YOKOCHI, Chihiro; LUTJEN-DRECOLL, Elke. Color Atlas of Anatomy: A Photographic Study of the Human Body. 7 ed. 2011.
TORTORA, Gerard J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e Fisiologia. 14 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.