Ao longo da história, a anatomia do corpo humano teve contribuições muito importantes para as artes e para o desenvolvimento de estudos e práticas precursoras da Medicina, sendo essencial no desenvolvimento da humanidade. O estudo do corpo humano é muito rico com a transposição de tecidos em cadáveres, de forma que a observação da morfologia foi sendo, aos poucos, associada com as respectivas funções e relações entre os sistemas orgânicos.
Algumas épocas e civilizações antigas foram cruciais para avanços nessa área. No Egito Antigo, por exemplo, o processo de mumificação exigiu um contato com o cadáver humano que deu aos embalsamadores o poder de construir certo conhecimento em anatomia. Já na Grécia e Roma Antiga, por muito tempo a dissecação foi uma prática proibida, exigindo que a anatomia se desenvolvesse somente pelo uso de cadáveres animais ou humanos clandestinamente.
Em um período em que a Medicina era muito influenciada pela filosofia natural dos séculos V e IV a.C. e a cirurgia praticamente limitava-se aos curativos, as obras de Hipócrates (460 – 370 a.C.), importante personalidade grega conhecida como “pai da Medicina”, tiveram a anatomofisiologia nas suas bases, mas de forma muito rudimentar.
Em torno de 129 a 216 d.C., viveu Galeno, cujas contribuições (construídas a partir da dissecação de diversos animais) se consolidaram e ficaram estagnadas por séculos, sem questionamentos. Por isso, na Europa medieval, anatomia continuou um mistério, fato que não tinha potencial de mudança, já que o poderio da Igreja Católica impedia qualquer tipo de invasão dos limites do corpo.
Isso mudou de maneira mais efetiva com o advento dos feitos de Andreas Vesalius (1514 – 64), o “pai da anatomia moderna”, que publicou “De Humani Corporis Fabrica”, sua obra mais memorável com desenhos do corpo humano em poses cotidianas e com detalhes cuidadosamente registrados. Assim, desafiou os saberes deixados por Galeno e contribuiu enormemente para a ciência na época.
Vesalius teve muitos sucessores, mestres cientistas e artistas, que se inspiraram em suas obras e deram continuidade ao desenvolvimento dos saberes em anatomia e seus registros, como o incrível “Davi” de Michelangelo.
Referências Bibliográficas
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